segunda-feira, 31 de março de 2014

Polêmica no campos da UFSC continua em pauta.

Em entrevista ao Diário Catarinense após a confusão que tomou conta do campus da UFSC na tarde desta terça-feira, o superintendente em exercício da Polícia Federal em Santa Catarina, Paulo César Barcelos Cassiano Júnior, explicou a razão que levou os policiais à paisana à instituição e criticou a posição adotada pela administração da universidade. Confira abaixo a íntegra da entrevista:

Diário Catarinense — O senhor esteve esta tarde no Campus. Qual foi o motivo da sua ida ao local e o que o senhor viu? 

Paulo Cassiano Júnior —
 A partir da informação de que nossos policiais estavam ilhados no Campus da UFSC em virtude de terem efetuado prisões em flagrante, fui pessoalmente ao campus. O que vi foram alunos e servidores que estavam incomodados com o procedimento legal e impediram que os policiais trouxessem os flagrados para a Superintendência da Polícia Federal (PF). Eu fui até o local e constatei que nossos policiais estavam limitados no seu direito de agir e imediatamente acionei a PM e o choque para dar apoio. 

DC — Quantos foram presos? 

Cassiano — 
Cinco. Ainda não apurei. Nós não prendemos ninguém no meio da confusão. Todos haviam recebido voz de prisão antes por uso de entorpecente, posse de maconha.

DC — Qual foi a quantidade? 

Cassiano —
 Não sei, porque o procedimento ainda está em andamento. Os presos estão sendo ouvidos, a perícia vai ser feita. 

DC — Eles resistiram? 

Cassiano —
 Eles não. Quem se opôs ao trabalho dos policiais de trazê-los para a Superintendência foi a PF. Um dos detidos queria vir para cá. Ele estava na viatura, em uma situação desconfortável e estava disposto a vir e não criou problemas para nós. O problema foi os estudantes e servidores da UFSC que estavam lá junto e nós não percebemos por parte da UFSC uma postura firme para coibir esta ação que nós testemunhamos lamentavelmente. 

DC — Qual foi o motivo para a Polícia Federal estar no campus esta tarde? 

Cassiano —
 Entorpecentes. A própria UFSC nos comunica do consumo de entorpecentes no campus da UFSC. Aliás, isto não é segredo pra ninguém. É muito conhecido que alunos da UFSC, pessoas adentram o espaço público da UFSC para consumir entorpecente. Especialmente naquele local, que é um local ermo, bucólico que parece um bosque. Talvez isto inspire o uso por parte de alguns e nosso papel lá é estar em coibir que é um dever constitucional da PF. 


C — Há algum inquérito ou solicitação do Ministério Público para que a PF fosse até aquele local? 

Cassiano — 
O MP não recomendou nada, até porque o ministério recomendar que nós coibamos o uso de entorpecentes é chover no molhado. Nós estamos com um cachorro que veio de Brasília e a gente fez um trabalho treinado no Aeroporto Hercílio Luz, hoje nós fomos na UFSC. Nós não fizemos nada de extraordinário. 

DC — Tratava-se apenas de um teste com o cachorro? 

Cassiano —
 Não era um teste, era uma operação policial. Fizemos no aeroporto e hoje estivemos na UFSC em busca de entorpecentes. 

DC — Não houve denúncia? 

Cassiano —
 Nós temos investigações que nos conduzem a informações que aquele local é próprio para uso de entorpecentes. 

DC — A reitoria disse que vai tomar medidas cabíveis sobre a operação da Polícia Federal. O que o senhor pode falar em nome da PF sobre esta situação? 

Cassiano — 
Eu só posso achar que isto é uma brincadeira por parte da direção da UFSC. Só pode ser um pronunciamento em tom jocoso. Talvez, a reitoria devesse fazer é empreender ações efetivas que pudessem cooperar com o trabalho para que crimes que estejam ocorrendo no campus da universidade não sejam mais cometidos, mas prevenidos. Toda ação da PF foi absolutamente legítima. Eu estive lá e presidi as negociações. Todas as tentativas de uma solução que não ferisse a legalidade e nem o padrão de conduta policial ou protocolo, a doutrina policial, foram esgotados por mim, mas nenhuma proposta por parte dos manifestantes que pudesse redundar em um fim pacífico foi apresentada e não nos restou alternativa senão usar a força de maneira moderada com o objetivo de resgatar os policiais e os presos que estavam detidos naquelas circunstâncias. A reitoria, em nenhum momento, apresentou alternativa que pudesse ser viável, do ponto de vista legal, para que nós saíssemos de lá de maneira pacífica. Ao contrário. Quando nossos policiais caminhavam até a viatura, os manifestantes usaram tapumes, uma viatura foi recebida a pedradas e dois policiais foram feridos. A partir daí não nos restou alternativa usar de força moderada para poder evacuar o lugar e permitir que nós trabalhássemos. E a prova que os manifestantes não tinham interesse em cooperar com o trabalho policial é que eles nos receberam a pedradas e uma viatura foi destruída, que revela um comportamento de vândalo e criminoso por parte dos estudantes. Comportamento que nós consideramos desonrosos e vergonhosos para estudantes de ensino superior que estudam as custas do Estado e desonrosos por parte da Reitoria que fica contra a PF que estava cumprindo seu dever constitucional. 

DC — Houve uma proposta de que todo procedimento da PF fosse feito lá para evitar o agravamento da situação? 

Cassiano —
 Correto. Não falei que não houve proposta, falei que não houve proposta que atendessem as prerrogativas do protocolo da Polícia Federal. A PF não é um órgão recreativo. Não é dedicada a sentar em um bosque da universidade para lavrar seus procedimentos. Nós não fazemos piquenique. A PF é um órgão de repressão criminal e diante de uma intervenção criminosa a PF atua com energia e rigor próprios de uma instituição que tem as armas e instrumentos dados pela lei para isto. Simples assim. Não havia condição alguma da PF lavrar um procedimento cartorário debaixo de uma árvore, em um bosque da UFSC, diante do olhar atento de estudantes indignados com o comportamento da polícia. Então, não havia condições de segurança para que isto fosse feito. Esta alternativa foi descartada porque é absurda.





Fonte> Diário Catarinense.

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